Uma das coisas que mais me encantan no estudo de idiomas estrangeiros é aprender sobre o uso de expressões idiomáticas. A verdade é que, por mais que uma pessoa estude num cursinho, só mesmo usando o idioma é que se aprende o momento certo de aplicar uma expressão.
Morando em Buenos Aires, pude aprender várias expressões que o portenha usa no seu dia a dia. O portenho tem uma característica interessante que é o uso do lunfardo, que são as gírias próprias daqui, em sua maioria relacionadas com o tango e a imigração italiana, tão marcantes nesse povo. Há também algumas expressões usadas aqui que são ouvidas em outros países de língua espanhola.
Tudo isso para quê? Para explicar o significado do título dessa entrada: "viva la pepa". Essa expressão significa "vale tudo". Ouvi essa expressão noutro dia no meu escritório: o chefe saiu e uma coega disse "ahora, viva la pepa!". Ou seja, "oba oba"!
E o que essa expressão tem a ver com os biscoitinhos de goiabada? Aqui em Buenos Aires, esses biscoitinhos que meu avô (português) fazia quando meus irmãos e eu éramos pequenos são chamados de "pepas". Não sei porquê. Nas padarias, podemos pedir "pepas" ou "pepitas" e todo mundo entende. À diferença da receita do meu avô, aqui eles não usam a goiabada, mas a marmelada (dulce de membrillo) que, na minha opinião, é mais doce e enjoativo. Mas quem não tem cão, caça com gato... A marmelada parece que derrete menos que a goiabada. Meu namorido meu passou o "pulo do gato" (eu e as expressões...): a mãe dele, quando prepara o recheio da pasta frola (que um dia vou tentar fazer...), ela amassa a marmelada com um garfo e mistura com um pouquinho de água. Numa das receitas que vi de pasta frola, a marmelada era amassada com suco de laranja. Acho que deve ficar gostoso também. Fica para a próxima vez.
Finalmente, a receita. E viva la pepa!
Ah, como a receita era do meu avô e ele passou para a minha mãe - que emocionante! - conseguir arrancar da minha mãe as medidas exatas dos ingredientes foi complicado... É tudo na base do "olhômetro". Tudo medido em "xícaras" ou "colheres" e o modo de fazer é um idioma só dela :) Enfim, como tradutora, "traduzi" a receita da minha mãe para medidas exatas. Deu certo.
Ingredientes:
2 xícaras bem cheias de farinha de trigo (250g)
3 colheres de sopa bem cheias de margarina (200g)
3 colheres bem cheias de açúcar (100g - Usei açúcar cristal, que é o açúcar do dia a dia. Minha mãe usa açúcar refinado)
Essência de baunilha a gosto (Como a minha tinha acabado, usei essência de amêndoas)
150g de goiabada / marmelada ou outro tipo de doce (geleia ou compota)
Modo de fazer:
Pôr todos os ingredientes em uma tigela grande e misturar com as pontas dos dedos até formar uma massa lisa, que solta da mão (demora um pouquinho, mas vai amassando). Fazer bolinhas, aplaná-las e fazer um buraquinho no pôr o doce (que pode ser cortado em cubinhos, amassado com um pouquinho de água ou suco de laranja ou em colheradas, se estiver usando geleia).
Ordená-las na assadeira - não precisa untar, nem enfarinhar -, com bastante espaço entre uma e outra, e levar ao forno pré-aquecido por 10 minutos ou até que a parte de baixo já esteja bem douradinha. Cuidado porque, às vezes, a parte de cima está aind branquinha, mas já começa a queimar embaixo. Se der para subir a grada do forno, melhor, assim o contato do fogo com a assadeira é um pouco menor e o fundo não fica queimado.
Essa massa rendeu 30 "pepas" de tamanho médio (do tamanho de um biscoito recheado).
Nenhum comentário:
Postar um comentário