9 de jan. de 2011

Mezze cosmopolita (couscous marroquino, baba ghanoush, homus tahine e guacamole!)



(Peguei essa foto na Internet, não é a do meu mezze...)

Meze (com sotaque francês) é um conjunto de pratos - tipo entradas - do Mediterrâneo ou do Oriente Médio servidos como almoço ou jantar, com ou sem bebidas alcoólicas(http://en.wikipedia.org/wiki/Mezze). Seria parecido ao que os espanhóis chamam de "tapas", os argentinos chamam de "picada" e, no bom português, "petiscos". Em geral, são pratos de origem árabe, servidos com pão pita (o tradicional pão árabe).

O meu gosto pela comida árabe vem de muito tempo, muito antes de eu vir morar aqui na capital argentina. A influência da comida árabe na culinária carioca é tanta que algumas vezes já adotamos determinados pratos - e os adaptamos também - como nossos. Por exemplo, não dá para imaginar festa sem quibe. Ou, outros exemplos, o arroz com lentilha e cebola e a abobrinha recheada de carne moída. Sempre comemos isso na minha casa e só vim descobrir que era árabe depois de grande. Para mim, era parte da nossa comida cotidiana. Com a chegada do Habib's no Rio, ficou ainda mais fácil!

Enfim, tudo isso para dizer que essa onda árabe toda começou no dia em que fui com a minha colega Margarita comer em um restaurante árabe aqui de Buenos Aires, o Sarkis (http://www.guiaoleo.com.ar/restaurantes/Sarkis-48), considerado o melhor árabe da cidade para festejar o fim do ano. Aí comemos um homus tahine (pasta de grão de bico), uma outra de beterrada (que não sei como se chama) e de prato principal, um arroz pilaf com manteiga, pedaços de frango e amêndoas peladas e torradas. Um manjar dos deuses! Depois desse dia, já veio o Natal, a viagem para o Rio, o ano novo, 2011! e voltamos para Buenos Aires. E cheguei com vontade de comer comida árabe.

Tomei coragem e gastei uma graninha extra para comprar o tal do couscous marroquino. Não é baraaato, mas rende um montão! Uma xícara rende fácil para quatro pessoas, como acompanhamento. Foi tranquilo de fazer: ferver uma medida de água com um caldinho de verduras (no caso, uma xícara) e acrescentar a mesma medida de couscous. Misturar bem e deixar inchar por 5-7 minutos. Já está pronto para comer. Dá para comer assim, puro. Tem gente que acrescente pedacinhos de legumes (cenoura, tomate, cebola, rúcula, etc) ou de carne (frango, peixe, etc). Eu salteei um pouquinho de cebola para dar um gostinho especial e ficou muito bom. Primeira missão cumprida.

Depois, noutro dia, fiz o basicão: arroz com lentilhas e cebola frita e tabbouleh.

Finalmente, ontem decidi fazer as pastas: homus tahine e baba ghanoush (a de berinjela) como tal do tahine de verdade. O tahine é a pasta de gergelim - que também não é baraaata, mas rende. Foi engraçado, porque quando abri o frasco, era meio líquida. Aí li bem o que dizia no rótulo e orientava que, antes de usá-la, era para misturar bem. De fato, depois disso, ela tomou uma consistência mais cremosa.

Essa ideia de fazer as pastinhas era meio arriscada porque, com o meu namorido, chamamos uns amigos seus de família armênia - em outras palavras, os caras comem isso como a gente come arroz com feijão... Seria a minha prova de fogo. E logo na primeira vez! (Menos mal que de prato principal tínhamos as pizzas caseiras que meu boy faz...)

O homus tahine é a pasta de grão de bico com o tahine e, em geral, se come com o pão pita. Também serve de molho para o falafel (uns croquetinhos de grão de bico). É bem simples: deixar 300g de grão de bico de molho e depois cozinhá-los bem, mas sem que virem pasta. Eu bem que procurei em três supermercados aqui da minha área o grão de bico, mas não achei. Então, apelei para a via mais curta: grão de bico em conserva (em lata). ATENÇÃO: NÃO jogar fora a água da conserva, porque ela vai ser usada depois! Com isso, saltei para o passo seguinte, que é tirar a pele dos grãos (saem super fácil, com a mão mesmo). Depois no liquidificador ou no mixer(*), bater os grãos com um dente de alho, o suco de um limão, sal e pimenta negra moída na hora. Depois, acrescenter 3-4 colheres de sopa de tahine e bater de novo até tomar a consistência cremosa da pasta. Passar para a tigelinha onde vai ser servido e deixá-lo na geladeira até a hora de comer.

Passei então para o baba ghanoush Esse, sinceramente, não provei. Fiz a receita como vi na internet - no Panelinha - mas não provei porque não gosto de berinjela. Fiz porque meu namorido adora tudo de berinjela... Também é super fácil de fazer: pegue uma berinjela, espete-a com um garfo e leve-a ao fogo até que a casca comece a explodir e chamuscar. Ela vai ficar com um gostinho de defumado assim. Com cuidado, tirar a polpa da berinjela e desprezar a casca. Também no liquidificador ou no mixer(*) misturar a polpa da berinjela, um dente de alho, sal, pimenta e depois acrescentar o tahine (3-4 colheres de sopa). Passá-la para a tigelinha e reservar na geladeira até a hora de servir. O baba ghanoush também se serve com o pão pita.

Agora vem a parte cosmopolita do mezze: o guacamole! Por que isso? Tem dia que acordo ousada, com vontade de provar novas comidas, de me arriscar na cozinha. Sábado foi um dia desses. Já tinha um tempão que eu queria fazer o guacamole, mas não tinha coragem (o abacate é caro aqui, vou gerar a maior expectativa para comê-lo e se sair ruim, vou me odiar e ao guacamole para sempre!). Aliás, não tinha coragem de experimentar porque o conceito de abacate salgado para mim era MUITO abstrato (cresci tomando vitamina de abacate com leite e para mim abacate só rima com leite). Até que um dia uma das minhas cunhadas fez comida mexicana em casa e nos convidou. Provei e adorei. Ela tinha posto bastante limão e ficou bem ácido, do jeito que eu gosto! Resolvi fazer no sábado - estava empolgada. Também foi super fácil: amassar um abacate médio e maduro (ou dois pequeninos, porque os daqui são metade do tamanho dos que temos no Brasil...) com um garfo (**). Acrescentar meia cebola picadinha (**), 1 tomate grande picadinho, sal a gosto e um pouquinho de molho de pimenta (salsa de ají). Quem quiser, pode pôr pedacinhos de pimenta dedo-de-moça picadinhos (aqui eles chamam de ají puta-parió... por que será??). Misturar tudo bem. O pulo do gato é o seguinte: quando o guacamole estiver pronto, guarde-o com o caroço do abacate dentro. Isso evitará que o molho se oxide ;) O guacamole se come com os nachos (ou "Doritos", em bom português rsrs).

Resultado: O baba ghanoush não foi o mais votado... No time dos que não gostam de berinjela há muitos jogadores! Não sobrou nada de guacamole (inclusive, coitado do meu namorido... Enquanto ele fazia a massa das pizzas caseiras, a gente começou a beliscar, beliscar e ele só provou o guacamole... Mas depois a gente faz de novo!). E o homus foi comparado ao homus que a avó dos meninos faz... O que para mim, foi o Oscar da noite!

(*) Na primeira vez que fiz, usei o liquidificador, porque não tinha um mixer. Funciona, mas fica tudo no fundo do copo do liquidificador, preso nas lâminas... Desperdiça-se muito assim. Foi aí que tive a ideia de comprar um mixer. Realmente, é mais fácil, mais rápido, menos trabalhoso.

(**) Como comprei o mixer - o meu mais novo brinquedinho - estou fazendo vários testes com ele. Na segunda vez que fiz o guacamole, resolvi que o faria aí. Primeiro, usei o "picador" para picar a cebola e depois o abacate. Depois, separei duas boas colheradas e levei o restante para o copo e bati com a "varinha" (a que se usa para fazer papinha de bebê). Ele ficou bem cremoso. Por fim, misturei ao abacate picado com a cebola e acrescentei os pedacinhos de tomate. Ficou ótimo!

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